segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Os pais podem tomar banho junto com seus filhos pequenos?


                    



Ao longo de mais de uma década dedicada à Educação Infantil em contato direto com as famílias, obtendo seus relatos, trabalhando a observação do comportamento das crianças e, posteriormente, orientado os pais a conduzirem esse processo, pude constatar a máxima de que com filhos pequenos a privacidade dos pais no banheiro de fato acaba. Não é todo dia que se toma banho junto com o filho, mas sempre que há a necessidade existe a opção de colocá-lo no carrinho dentro do banheiro, para que possa vê-lo enquanto se está no chuveiro ou até mesmo tomar banho com a porta aberta, quando está sozinho com ele e por questão de segurança.
Diante deste cenário surgem as situações de pais que tomam banho com seus filhos. Pois bem, não expor a criança à nudez adulta não a impedirá de continuar com sua curiosidade sobre as diferenças sexuais. Até porque existem seus pares, crianças da mesma idade, um pouco mais novas ou um pouco mais velhas, além dos livros, histórias e observações da vida real. Na exposição de corpos, muitas crianças incomodam-se diante da nudez, trilhando seu próprio caminho em busca de privacidade. Existe, principalmente, o momento certo de conviver com o corpo nu do adulto, que é a partir da adolescência, quando os corpos se equiparam.
As crianças por si só, evitam estar diante do adulto nu, não aceitam ajuda na troca de roupas ou na hora do banho, fecham as portas em situações em que estão despidas. Os pais precisam acatar este desejo de privacidade, reforçando, inclusive, sua importância. Mais do que a vergonha, o que está em jogo é a intimidade, a privacidade que irá criar e reforçar o pudor, tão necessário nos dias de hoje, além do cuidado e respeito ao corpo.
Vale lembrar que não é recomendado que um menino tome banho com seu pai nu, pelo menos até os sete anos de idade, porque esse momento pode vir a despertar reações inadequadas que são observadas na escola, em casa ou até mesmo em outros contextos. A exemplo de mostrar e ficar pegando no “pinto” sem necessidade, enfim, demonstrar atitudes sexuais por pura confusão de não saber o que está acontecendo, em virtude de aprender a se tocar por conta da curiosidade despertada apesar de haver outros tipos de estímulos. Com o tempo os momentos de intimidade dos pais precisam ser demarcados e sinalizados para que tanto a criança, quanto os pais saibam quais situações são coletivas e quais são individuais. A erotização precoce pode vir a expor a criança a situações de vulnerabilidade, portanto deve-se evitar.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Mal Educado ou Não Educado?


Apesar dos diversos exemplos que nos cercam em nosso cotidiano, e conhecendo diversos pais pouco atuantes em seus respectivos papéis, até porque demonstram ter medo de estabelecer limites, medo de parecerem “caretas”, medo de decepcionar os filhos, mesmo que temporariamente. Mas noto que as crianças se comportam melhor quando agimos como pais e não como amigos, estabelecendo limites e avaliando as consequências. Elas nos querem envolvidas em suas vidas e querem conhecer os nossos valores. Valendo frisar que, amigos via de regra nos impulsiona a fazer aquilo que nossos pais não gostariam ou não aceitariam que fizéssemos, pois, nos levam a nos expor a condições inseguras, como ir ao shopping escondido, manter o namoro com um parceiro que a família sabe que não será bom para seu filho ou até mesmo ir jogar bola em outro bairro sem avisar e muito mais. Dai o porquê de pais serem pais e amigos serem os amigos, cada um tem seu papel bem definido na vida de cada ser humano.
Muitos pais acreditam que a criança deve aprender a partir do bom senso e da intuição. Não entendem que uma pessoa se constrói á medida que vive e convive em seu meio. Uma criança não nasce com hábitos sulistas, nordestinos ou de índios, ela faz-se índia, sulista ou nordestina a partir de suas vivências. Como queremos que as crianças aprendam a comportar-se adequadamente se seus adultos “significativos” não dão o modelo, se eles mesmos não respeitam o espaço comum!  Ao não ser orientada, ouvida, atendida e entendida e, ainda por cima, recebendo constantes informações de que ela é mal criada, desobediente e difícil, essa criança tem toda a possibilidade de tornar-se tudo o que foi predito para ela.
A construção do sujeito acontecerá a partir da qualidade da sua vida afetiva  que está disponível ao longo dos primeiros anos de vida. Vale afirmar que a partir da temperatura do campo afetivo do entorno da criança será o propulsor das aprendizagens, ou não aprendizagens, produzidas por ela.  Apesar disso, só mais recentemente é que a escola e os familiares têm objetivado entender a vida afetiva e suas repercussões no ato de aprender e de ensinar.
Precisamos nos lembrar que educar é um ato de amor, de dedicação, que requer tempo e disponibilidade. Nenhuma criança nasce sabendo e para saber é preciso que alguém se disponha a mediar o conhecimento da situação que a criança está vivendo, o seu desejo e entendimento da situação e o que é possível fazer de forma educativa e da maneira adequada a cada faixa etária.
E é bom que se diga que, suspeito que essa criança não seja “mal educada, mas não educada, o que é muito diferente” pais para sua reflexão.    


Publicado na Revista Nosso Bairro (NB PLUS - Edição nº 64 Outubro/2014)

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Por que conhecemos adultos que se comportam como bebês?




     Vamos tocar numa questão que incomoda pais, educadores e empresas no mundo inteiro – a existência de adolescentes e jovens adultos que têm uma percepção totalmente irrealista de si mesmos e de seus talentos. É possível ver como eles crescem cercados por adultos que os tratam como preciosidades, mas é preciso disparar o alerta para uma realidade social que diz que, para se dar bem na vida profissional, eles precisam saber que agora estão todos na mesma linha, que nenhum é mais importante que o outro. Esses jovens cresceram ouvindo de seus pais e professores que tudo o que faziam era especial e desenvolveram uma auto estima tão exagerada que não conseguem lidar com as frustrações do mundo real. “Muitos pais modernos expressam amor por seus filhos tratando-os como se eles fossem da realeza”, afirma Keith Campbell, psicólogo da Universidade da Geórgia e co-autor do livro Narcisism Epidemic (Epidemia narcisista), de 2009, sem tradução para o português. “Eles precisam entender que seus filhos são especiais para eles, não para o resto do mundo.”

      
      Eles se acham merecedores de constantes elogios e rápido reconhecimento (se não são promovidos em pouco tempo, a empresa foi injusta em não reconhecer seu alto valor). Você conhece alguém assim em seu trabalho ou em sua turma de amigos? Boa parte deles, no Brasil e no resto do mundo, foi bem-educada, teve acesso aos melhores colégios, fala outras línguas e, claro, é ligada em tecnologia e competente em seu uso. São bons, é fato. Mas se acham mais do que ótimos o que dificulta qualquer relacionamento.

Publicado na Revista Nosso Bairro (NB PLUS - Edição nº 65 Dezembro/2014)

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Qual o modelo ideal x a realidade das Creches e Escolas da Primeira Infância no Brasil.






Em termos de estrutura física seria algo próximo a um sitio com bastante área verde, árvores, um rio ou cachoeira, com vários tipos de animais e as instalações cercadas por vidro dando á condição dos alunos terem contato com o mundo exterior, porém com o progresso nas grandes cidades torna-se algo praticamente impossível ter uma área como essa ou próxima disso. Vale citar o acesso fácil a informação que modificou radicalmente a busca das famílias pelas instituições de ensino, estabelecendo uma nova realidade que eu classifico como “pedagogia de padaria”, até a década de 90 as famílias buscavam uma escola ou creche seja pública ou particular de acordo com as indicações de seu meio social, tendo como preferência as melhores, mais conceituadas e tradicionais instituições, de lá pra cá a novidade é que a maioria das famílias querem ir comprar o pão e deixar seu filho na escola do lado da padaria, por fatores como trânsito desgastante, falta de um transporte público de qualidade dentre outros. Com isso e a falta de fiscalização diversas instituições irregulares atuam no país a fora, dando mais opções as famílias. Surge então à necessidade gritante de políticas públicas voltadas para as instituições particulares de ensino infantil, profissionais devidamente capacitados, uma fiscalização atuante e se faz necessário também uma verdadeira revolução no entendimento do que é educação pública e privada, que deveriam ser uma só, na busca pelo melhor para os educandos, mas na realidade essa visão encontram-se em uma terra tão tão tão distante.

Publicado na Revista Nosso Bairro (NB PLUS - Edição nº 71 Setembro/2015)