Ao
longo de mais de uma década dedicada à Educação Infantil em contato direto com
as famílias, obtendo seus relatos, trabalhando a observação do comportamento
das crianças e, posteriormente, orientado os pais a conduzirem esse processo,
pude constatar a máxima de que com filhos pequenos a privacidade dos pais no
banheiro de fato acaba. Não é todo dia que se toma banho junto com o filho, mas
sempre que há a necessidade existe a opção de colocá-lo no carrinho dentro do
banheiro, para que possa vê-lo enquanto se está no chuveiro ou até mesmo tomar
banho com a porta aberta, quando está sozinho com ele e por questão de
segurança.
Diante
deste cenário surgem as situações de pais que tomam banho com seus filhos. Pois
bem, não expor a criança à nudez adulta não a impedirá de continuar com sua
curiosidade sobre as diferenças sexuais. Até porque existem seus pares,
crianças da mesma idade, um pouco mais novas ou um pouco mais velhas, além dos livros,
histórias e observações da vida real. Na exposição de corpos, muitas crianças
incomodam-se diante da nudez, trilhando seu próprio caminho em busca de
privacidade. Existe, principalmente, o momento certo de conviver com o corpo nu
do adulto, que é a partir da adolescência, quando os corpos se equiparam.
As
crianças por si só, evitam estar diante do adulto nu, não aceitam ajuda na
troca de roupas ou na hora do banho, fecham as portas em situações em que estão
despidas. Os pais precisam acatar este desejo de privacidade, reforçando,
inclusive, sua importância. Mais do que a vergonha, o que está em jogo é a
intimidade, a privacidade que irá criar e reforçar o pudor, tão necessário nos
dias de hoje, além do cuidado e respeito ao corpo.
Vale
lembrar que não é recomendado que um menino tome banho com seu pai nu, pelo
menos até os sete anos de idade, porque esse momento pode vir a despertar
reações inadequadas que são observadas na escola, em casa ou até mesmo em
outros contextos. A exemplo de mostrar e ficar pegando no “pinto” sem
necessidade, enfim, demonstrar atitudes sexuais por pura confusão de não saber
o que está acontecendo, em virtude de aprender a se tocar por conta da
curiosidade despertada apesar de haver outros tipos de estímulos. Com o tempo
os momentos de intimidade dos pais precisam ser demarcados e sinalizados para
que tanto a criança, quanto os pais saibam quais situações são coletivas e quais
são individuais. A erotização precoce pode vir a expor a criança a situações de
vulnerabilidade, portanto deve-se evitar.