domingo, 31 de março de 2019

Você é Tímido ou Introvertido?



  Como é comum se confundir timidez com introversão, muitos pensam que uma palavra é sinônima da outra. Na verdade, são duas características do comportamento humano, quem é introvertido não necessariamente é tímido. Elas possuem habilidades de convívio social e autoestima suficiente para obterem êxito nos relacionamentos interpessoais, porém preferem ficar sozinhas. Os introvertidos se sentem bem, e até mesmo revigorados, com a solidão voluntária e não apresentam qualquer ansiedade ou necessidade de aprovação quando estão na companhia de outras pessoas. 

Características dos Tímidos:
1-A Inibição; 
2-Os pensamentos negativos (de derrota); 
3-Ansiedade sobre o seu desempenho. 

Obs: Essas características não atingem os Introvertidos. 

Características dos Introvertidos:
1-Reservados; 
2-Reflexivos;
3-Se sentem bem fazendo coisas sozinhas.

Obs: São mais prazerosas as interações que possuem um certo tempo para reflexão. 

  Timidez é o medo de ser julgado por outras pessoas, na maioria das interações sociais. Os tímidos ficam angustiados e incomodados especialmente se estiverem com pessoas que não possuem vínculos afetivos afirmativos. A timidez está intrinsecamente ligada ao medo, enquanto a introversão é apenas uma preferência por ficar sozinho, não está ligada ao nervosismo ou processo de ansiedade. Uma pessoa tímida pode deixar de fazer uma tarefa profissional pelo simples fato de ter quer conhecer e interagir com novas pessoas, isso traz um estresse muito grande e a coloca em conflito interno, já o introvertido pode ter a mesma postura pelo simples fato de querer ficar relaxando em sua cama. 
    
 É na fase de Creche e da Educação Infantil que se começa a perceber essas características, e, diga-se de passagem, já ouvi profissionais da área confundirem até com TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Portanto em relação a nossas crianças vamos ficar atentos as seguintes características:

1-Quando a criança tem dificuldades para se relacionar;
2-Preferir brincar sozinha sempre;
3-Precisa da ajuda dos pais constantemente;
4-Não apresenta iniciativa própria;
5-Parece não se divertir nunca:

  Nesses casos é necessário ligar o sinal de alerta, pois na maioria das vezes pode ser um indicativo de algum sofrimento envolvido. As crianças tímidas, normalmente, são extremamente exigentes consigo mesmas, tendo medo de se arriscar e de se expor.
   
   É importante estar atento para o quanto a timidez interfere de forma negativa na vida da criança. Para ajudá-la a conviver com a timidez de maneira saudável. Muitas vezes, por conta da timidez excessiva, a criança perde oportunidades e vai com certeza se arrepende disso, o que pode lhe colocar no processo de ansiedade e trazer angústias, que precisarão ser trabalhadas, trazendo prejuízos para os seus relacionamentos interpessoais.
  
  Como conduzir a integração das pessoas Tímidas seja no espaço escolar, familiar ou profissional:

1-Não exigir que a pessoa faça algo que não sinta bem, ao forçar inevitavelmente o colocará em uma condição de estresse negativo, portanto, o efeito poderá ser proporcionalmente inverso, ao invés de ensinar uma lição poderá trazer uma trava mental e reações negativas.

2-A paciência é a chave, porém não confunda paciência com descaso, deixando de incentivar, orientar e cobrar as interações necessárias para ajudar no processo.

3-Não Rotular. Evitar justificar atitudes dizendo que a pessoa não faz algo por que é tímido, isso pode servir como um escudo de proteção para o mesmo.

4-A introdução em pequenos grupos no início ajudam muito no processo de socialização.  

5-Estimular novas tarefas em grupo, se possível em número reduzido de participantes, e sem disputa para ver quem vai ganhar algo, inicialmente.  

6-Ficar atentos para não confundir timidez com o processo de ansiedade de separação que consiste em ansiedade exagerada por causa do afastamento da mãe ou do cuidador, por exemplo, aquela criança que não vai colo de ninguém, que não desgruda da mãe, ou que sofre e chora muito quando a mãe se despede ou a deixa na Creche ou Escola, algo muito comum nas crianças.

7-Evite comparações negativas do tipo: “ Se todo mundo fez porque você não é capaz de fazer? ” Este tipo de comentário só reforça a insegurança do tímido.

8-Lembre-se em jovens e adultos, muitas vezes, a timidez só se mostra quando estão diante de situações que exijam maior exposição: Como falar em púbico (palestras, aulas, reuniões, exposição de projetos ou trabalhos escolares etc.).

9-Não minimize os sentimentos das pessoas tímidas, busque entender as dificuldades que eles passam e se coloque em condição de ajudar, caso não se sinta responsável ou não queira ajudar, procure não atrapalhar, isso já ajuda e muito.  

10-Valorizar as conquistas e os esforços ajudam bastante no processo.

11-Entender que os vínculos afirmativos e positivos quando estabelecidos irão ser a mola propulsora para abertura de um canal de comunicação, que fará toda a diferença no processo, para ouvir as dificuldades e tentar ajudar.

12-Em determinadas situações será necessário o apoio profissional de um psicólogo ou psicopedagogo (para as crianças).

Timidez tem causa?

  A natureza da timidez é multifatorial, isto é, sua causa depende de vários fatores, que incluem nosso temperamento, herança genética que determina nossa bioquímica cerebral e nossa reatividade diante das coisas e nossas vivências acumuladas desde a mais tenra idade. Por isso mesmo, a timidez se desenvolve à medida que amadurecemos e somos desafiados a enfrentar novas circunstancias. E devido a essa natureza mesclada (genética e vivências) que algumas pessoas passam por fases de timidez e as superam, enquanto outras, em função de grandes decepções ou dificuldades constantes, perdem as esperanças e se retraem de forma intensa. (Barbosa Silva, A. B., Mentes Ansiosas, 2ª Edição, Rio de Janeiro, Ed. Principium, 2017, Pág. 154 e155).

  Mesmo sem se expor demais, quem tem timidez pode ter excelente relacionamento com os amigos e conquistar mais autonomia e independência, sem passar nenhum aperto mesmo quando estiver longe da sua zona de conforto, por isso devemos nos colocar no lugar do outro para entender melhor o processo e poder ajudar.