Apesar dos diversos exemplos que
nos cercam em nosso cotidiano, e conhecendo diversos pais pouco atuantes em
seus respectivos papéis, até porque demonstram ter medo de estabelecer limites,
medo de parecerem “caretas”, medo de decepcionar os filhos, mesmo que
temporariamente. Mas noto que as crianças se comportam melhor quando agimos
como pais e não como amigos, estabelecendo limites e avaliando as
consequências. Elas nos querem envolvidas em suas vidas e querem conhecer os
nossos valores. Valendo frisar que, amigos via de regra nos impulsiona a fazer
aquilo que nossos pais não gostariam ou não aceitariam que fizéssemos, pois,
nos levam a nos expor a condições inseguras, como ir ao shopping escondido,
manter o namoro com um parceiro que a família sabe que não será bom para seu
filho ou até mesmo ir jogar bola em outro bairro sem avisar e muito mais. Dai o
porquê de pais serem pais e amigos serem os amigos, cada um tem seu papel bem
definido na vida de cada ser humano.
Muitos pais acreditam que a
criança deve aprender a partir do bom senso e da intuição. Não entendem que uma
pessoa se constrói á medida que vive e convive em seu meio. Uma criança não
nasce com hábitos sulistas, nordestinos ou de índios, ela faz-se índia, sulista
ou nordestina a partir de suas vivências. Como queremos que as crianças
aprendam a comportar-se adequadamente se seus adultos “significativos” não dão
o modelo, se eles mesmos não respeitam o espaço comum! Ao não ser orientada, ouvida,
atendida e entendida e, ainda por cima, recebendo constantes informações de que
ela é mal criada, desobediente e difícil, essa criança tem toda a possibilidade
de tornar-se tudo o que foi predito para ela.
A construção do sujeito
acontecerá a partir da qualidade da sua vida afetiva que está disponível ao longo dos
primeiros anos de vida. Vale afirmar que a partir da temperatura do campo
afetivo do entorno da criança será o propulsor das aprendizagens, ou não
aprendizagens, produzidas por ela. Apesar
disso, só mais recentemente é que a escola e os familiares têm objetivado
entender a vida afetiva e suas repercussões no ato de aprender e de ensinar.
Precisamos nos lembrar que educar
é um ato de amor, de dedicação, que requer tempo e disponibilidade. Nenhuma
criança nasce sabendo e para saber é preciso que alguém se disponha a mediar o
conhecimento da situação que a criança está vivendo, o seu desejo e
entendimento da situação e o que é possível fazer de forma educativa e da
maneira adequada a cada faixa etária.
E é bom que se diga que, suspeito
que essa criança não seja “mal educada, mas não educada, o que é muito
diferente” pais para sua reflexão.
Publicado na Revista Nosso Bairro (NB PLUS -
Edição nº 64 Outubro/2014)
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